23 janeiro 2010

Compostagem doméstica: você já pensou em ter um minhocário?

Texto retirado do site Planeta Sustentável.

O que é um minhocário dom
éstico?
Por Gabriela Portilho
Revista Mundo Estranho – 08/2009


É um sistema de reciclagem do lixo orgânico caseiro, com minhocas transformando restos de alimento em adubo.

Esse processo - chamado de vermicompostagem - rola dentro de caixas plásticas cheias de terra, onde as "operárias" mandam ver nas sobras de rango, digerindo esse material e gerando um húmus superfértil no lugar. Para ter uma ideia do potencial ecológico dos minhocários, dados do Ministério da Agricultura revelam que, diariamente, o Brasil produz cerca de 144 mil toneladas de lixo orgânico, o que corresponde a 60% do lixo urbano. Essa sujeira toda acaba indo para aterros e lixões, onde, muitas vezes, acaba poluindo os lençóis freáticos, entre outras mazelas. Se esse material entrasse na dieta das minhocas domésticas, por dia teríamos nada menos que 86 mil toneladas fresquinhas de húmus.



Lixo como adubo natural
Por Giuliana Capello Revista Bons Fluidos – 05/2009

Um grupo de ambientalistas de Brasília criou o projeto Minhocasa para incentivar a população a transformar o lixo orgânico caseiro em adubo para plantas, ao invés de jogá-lo na lixeira. A iniciativa ainda comercializa kits de “minhocultura”, que auxiliam no processo

Que tal transformar o lixo orgânico da sua casa em adubo para as plantas? Essa é a proposta do projeto Minhocasa, criado por um grupo de ambientalistas de Brasília. Além de oferecer palestras e cursos em escolas e comunidades, a ONG comercializa um kit de minhocultura para compostagem de restos de comida e poda de jardim que pode ser usado até em apartamento.

É simples: os resíduos depositados nas caixas alimentam as minhocas, que levam cerca de 50 dias para transformar o material em húmus. Tudo sem deixar mau cheiro ou exigir contato direto com os bichinhos. O kit tamanho G (60 x 45 x 60 cm) custa R$ 275 e serve uma família de quatro pessoas.


Mais adubo e menos lixo

Restos de comida não precisam ir para aterros sanitários, já tão saturados. Simples de fazer, basta uma pequena composteira caseira para transformar o lixo orgânico em adubo de boa qualidade para vasos e jardins. E saiba: se você fizer direitinho, não vai cheirar mal.

Muito se fala – e não sem motivos - a respeito do que fazer com os materiais recicláveis que separamos em casa. Mas raramente encontro dicas de como lidar com o lixo orgânico.

Em média, 40% do lixo que produzimos em casa é orgânico. Esse percentual varia, em geral, de acordo com a renda familiar. Quanto maior a renda, maior a chance de comprar produtos industrializados e, portanto, de aumentar o volume de embalagens, que pesam na conta dos materiais recicláveis.

Aliás, você já reparou que os produtos estão cada vez mais embalados? Isso tem relação direta com o fato de que a validade dos produtos também vem aumentando nos últimos tempos, resultado de pesquisas científicas que alteram a fórmula dos produtos para garantir que eles resistam meses nas prateleiras e gôndolas dos supermercados.

Sem falar nas distâncias cada vez maiores percorridas pelos produtos até chegar ao consumidor final, que exigem embalagens mais fortes e resistentes às mudanças de temperatura...mas isso já é outra história.

Seja como for, toda casa produz lixo orgânico. Na minha, por exemplo, é comum encontrar cascas de frutas e ovos, pó de café, restos de arroz, um pouquinho de ração de cachorro (quando a Sofia faz charme para comer), folhas que serviram para chá e cascas de semente de girassol. (Sim, como sou vizinha de um parque municipal, tenho o privilégio de receber a visita diária de algumas maritacas - como a Zezé aí na foto -, que devoram as sementes que deixamos para elas).

Pois bem. Um dos pontos altos da Permacultura, na minha visão, é a habilidade que o pessoal tem de dar uma solução criativa aos “problemas” (no caso, o lixo). Na verdade, a Permacultura tem o dom de fazer os resíduos voltarem ao ciclo de uma casa na forma de matéria-prima, dando-lhes uma nova função.

Explico: numa ponta, temos o lixo orgânico gerado na cozinha e no jardim (folhas e flores que caem no chão). De outro, plantas que precisam de terra e adubo para crescer. Ora, por que não ligar as duas pontas?!? Não parece ilógico jogar o lixo orgânico fora e depois ir à floricultura comprar adubo para os vasos que cultivamos em casa?

Existem diversos modelos de composteira e cada um deles atende a uma necessidade diferente. Quem mora em sítio, por exemplo, pode ter uma leira, um tipo de composteira feita num cercado de madeira, em que os restos vão sendo acumulados nesse espaço, intercalados por camadas de palha ou folhas secas.

O modelo que tenho em casa pode ser adaptado também para apartamento. E já que em 2007 a população urbana, pela primeira vez na história da humanidade, passou a ser maior do que a população rural, vamos ao exemplo mais viável para a maioria de nós.


Como fazer uma composteira

1- Você pode usar um balde de plástico com tampa, desses que encontramos à venda em lojas de R$ 1,99. O tamanho depende da quantidade de resíduos gerados, mas também da disponibilidade de local que você terá para manter a composteira.

2- Faça vários furos na lateral e no fundo do balde (eu usei a furadeira mesmo), para garantir que o processo seja aeróbio e permita o trabalho dos microorganismos.

3- Você pode apoiar o balde sobre dois tijolos, de maneira que o chorume (líquido que escorre durante o processo) possa ser coletado num pratinho. O chorume tem cheiro forte, mas também tem sua função. Diluído em água, é um poderoso fertilizante para as plantas.

4- Pronto! Sua composteira já pode ser inaugurada.

Observação: O modelo acima é “para iniciantes”. Se você tiver interesse em saber mais detalhes ou tiver outras dicas sobre compostagem, envie um comentário sobre este post com o seu e-mail, para que a gente possa trocar mais informações, ok?

Como manter uma composteira

1- Separe muito bem os resíduos orgânicos dos recicláveis, para garantir a qualidade do seu adubo. Acredite: plásticos demoram meeeeeeesmo para se decompor.

2- Cubra cada camada de resíduos com materiais secos que impedem o mau cheiro. Você pode usar pó de café, serragem, terra, folhas ou cascas de ovos.

3- Mantenha a composteira sempre tampada para não atrair moscas.

4- Quando o balde estiver cheio, deixe o tempo fazer seu trabalho. É hora de aguardar o término da compostagem. Enquanto isso, você pode preparar um outro balde para servir de composteira nesse período.

5- Você saberá que seu adubo está pronto quando ele tiver aspecto de terra úmida, dessas que pisamos quando caminhamos por trilhas na mata. O cheiro deve ser agradável, de mato mesmo. E importante: a terra deve estar fria, indicando que os decompositores já encerraram o trabalho.

Durante o processo, você perceberá que a composteira fica quentinha até por fora. Por dentro, a temperatura é alta e, vale dizer, não coloque a mão lá dentro, menino(a)! É quente de verdade!

6- Fim desse ciclo, que pode durar três ou quatro meses, é só distribuir o composto nos vasos e/ou jardim e, claro, dar início a uma nova composteira...

Reciclagem inteligente
Por Suzana Camargo Planeta Sustentável – 21/10/2008

Na Suíça, restos de comida e plantas são transformados em gás natural, eletricidade, combustível e fertilizantes. A esse processo é dado o nome de Reciclagem Verde.

O que fazer com todo o lixo produzido por nós? Esse é um dos grandes dilemas enfrentados no mundo todo. Como sabemos, em muitos países – incluindo o Brasil – o lixo é desepejado em terrenos abertos - os chamados landfills ou lixões - e todos, simplesmente, esquecem o problema.

Por isso, a reciclagem é uma das grandes soluções encontradas nas últimas décadas. Mas há mais a se fazer. Pesquisas comprovam que cerca de 30% do lixo doméstico, produzido nas casas, pode ser reutilizado e a reciclagem desses resíduos pode ser realizada de uma maneira muito simples, usando, como exemplo, exatamente o que acontece na natureza, ou seja, a decomposição natural.
No caso do lixo orgânico, o processo de decomposição depende basicamente de umidade e calor. Restos de plantas e comida, deixados em lixões ao ar livre, se decompõem espontaneamente, após algum tempo.

Partindo desse princípio, há 20 anos, uma empresa suíça – a Kompogas - iniciou estudos com lixo orgânico, principalmente aquele proveniente de jardins e cozinhas. Hoje, ela é uma das quatro maiores empresas do mundo nesse setor e transforma o green waste (lixo dos jardins) e o biowaste (restos de verduras, frutas e alimentos) em novos produtos. Para isso, utiliza um reator de fermentação, que trabalha através de um processo anaeróbico (com ausência de oxigênio). “É um processo biológico, que ocorre também na natureza, só que, aqui, o processo acontece de forma controlada e intensiva”, afirma Peter Knecht, responsável pelas licenças internacionais da empresa.

Na Suíça, existem dez fábricas Kompogas em funcionamento, cinco somente na região de Zurique, a maior cidade do país. Elas recebem o lixo orgânico vindo de comunidades municipais, hotéis, supermercados e redes de lanchonetes. Afinal, todos esses clientes são responsáveis pelo destino do lixo produzido por eles. Para essas companhias e prefeituras fica mais barato reciclar o lixo orgânico do que simplesmente “jogá-lo no lixo”. Lá, os departamentos municipais de coleta só recolhem o lixo - seja domiciliar ou industrial - que estiver dentro dos sacos oficiais das cidades. Mas, para estimular a reciclagem, esses sacos são bastante caros. Para se desfazer de cerca de uma tonelada de lixo na maneira tradicional, na região de Zurique, por exemplo, uma empresa gastaria cerca de R$ 960. Mas, para ter esse mesmo lixo entregue e reciclado numa fábrica Kompogas, o custo é de R$ 240. “Não faz o menor sentido queimar o lixo orgânico. Cada tipo de lixo tem uma maneira apropriada para ser tratado”, diz Knecht.

Outra grande vantagem da reciclagem verde está na diminuição da emissão de gás CO2 na atmosfera, já que o método de incineração não consegue controlar a emissão desses gases. Para cada tonelada de lixo orgânico reciclado nas plantas da Kompogas, uma tonelada de CO2 deixa de ser emitida no meio ambiente. E o melhor: a fermentação é mais barata do que a incineração.

Mas como funciona uma fábrica desse tipo? O processo é bastante fácil de entender. Primeiro, os clientes entregam o lixo orgânico a ser reciclado. Os caminhões que o transportam chegam na planta e são pesados numa balança. Paga-se pelo peso – kg/tonelada – que será processado. Em seguida, os resíduos são despejados e passam por uma triagem visual e um detector de metais (imã). Caso haja pedras ou utensílios deixados por engano no meio desse lixo (tesouras de poda, pás, etc), eles são removidos para não danificar o reator. Na sequência, essa massa de lixo orgânico é triturada numa câmara intermediária até atingir a consistência ideal. O próximo passo passar o lixo pelo reator de fermentação. Ali, ele permanece durante duas semanas, a uma temperatura de 55º C. “A única diferença em relação ao que acontece na natureza é que adicionamos mais bactérias para acelerar a processo”, revela o executivo da Kompogas.

Da fermentação desses resíduos surgem três novos produtos:
- um sólido (o composto)
- um líquido (o fertilizante)
- e, por último, um gasoso (uma nova forma de energia limpa). Esta energia - ou gás - pode ser convertida em combustível para veículos, em gás natural para a rede local (se estiver disponível) ou então, no chamado CHP (combined heat and power), uma combinação de energia elétrica e aquecimento.

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