23 janeiro 2010

Carpool ou carona solidária.

Texto escrito por LINCOLN PAIVA e retirado do Planeta Sustentável.

Comece a pedir e dar carona

Conhecida no mundo inteiro como "carpool" ou
"rideshare", a carona solidária é uma alternativa simples
e eficaz.

O TRÂNSITO de Lisboa não é intenso e agressivo como o
de São Paulo e a capital portuguesa conta com uma excelente
infra-estrutura fluvial, ferroviária e metroviária, além de
bondes elétricos e ônibus.

Mesmo assim, os cidadãos portugueses optaram pelo
chamado "carpool" para se deslocar. Lá, o sistema de carona
solidária conta com cerca de mil pessoas.

Morei em Portugal por algum tempo e, no ano passado,
quando ainda estava lá, eu e uma amiga falávamos sobre o
seriado "Carpoolers", que estreou em maio deste ano na TV
a cabo brasileira. Conta histórias da convivência de um
grupo de caronistas ecologicamente responsáveis.

O assunto veio à tona porque, na época, o Parlamento
Europeu bombardeava a mídia local com as preocupações
sobre a redução das emissões de CO2. Portugal precisava
encontrar soluções para se adequar às novas regras, e o
"carpool" parecia ser uma ótima idéia.

No Brasil, a carona solidária ainda não penetrou no cotidiano
das pessoas, mas já há um esforço nesse sentido. A
Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo
lançou, no último dia 28/5, a campanha Carona Legal, um
incentivo para a população compartilhar os trajetos de carro.
Conhecida no mundo inteiro como "carpool" ou "rideshare",
a carona solidária é uma alternativa simples e eficaz. A idéia
surgiu em vários lugares com objetivo semelhante, mas por
motivos diferentes.

Na Europa, a carona foi estimulada pelo Parlamento para que
cada país cumprisse sua cota na redução de emissão de CO2.
A utilização de automóveis na União Européia tem um
impacto significativo nas alterações climáticas, na medida
em que representa 12% das emissões globais. Diante desse
problema, as autoridades comprometeram-se em minimizar
os impactos do trânsito no efeito estufa e estabelecer
objetivos para melhorar a eficiência energética.
O cidadão europeu leva muito a sério as questões ambientais.
Assim, a energia limpa e renovável é uma realidade em
alguns países da Europa e a carona passou a fazer parte da
vida urbana.

Nos EUA, a idéia da carona foi impulsionada pelo "global
warming", pela crise imobiliária, pelo aumento no custo da
gasolina e pela dependência do petróleo estrangeiro, além do
trânsito caótico. O "carpool" passou a ser uma solução
economicamente viável, ecologicamente correta e
socialmente responsável.

No Canadá, a alternativa surgiu por uma questão de saúde
pública. A Secretaria de Saúde do país estima que cerca de
16 mil canadenses morram prematuramente por ano e que o
número de internações de crianças por doenças pulmonares
esteja diretamente relacionado ao aumento da poluição
atmosférica. O governo canadense irá gastar
aproximadamente US$ 1 bilhão em 2008 com programas
associados à poluição.

Há também quem opte pelo esquema para economizar. Um
trabalhador que utiliza um veículo 1.6 numa cidade como
São Paulo roda em média 18 mil quilômetros por ano,
consumindo um litro de gasolina a cada dez quilômetros.
Isso resulta num custo de aproximadamente R$ 5 mil anuais,
sem contar o tempo perdido no trânsito e as despesas com
pneus, troca de óleo, revisão, entre outros. Com a carona, ele
pode economizar até R$ 3,5 mil. Uma diferença significativa
no orçamento familiar.

A Universidade Stanford (EUA) criou um sistema de
incentivo para utilização do "carpool" entre os alunos com
vagas de estacionamentos exclusivas para caronistas e
compensações em dinheiro. Empresas desenvolvem
programas de incentivos pontuando o funcionário que chega
de bicicleta, "carpool", van ou a pé. As premiações variam
de carros ecoeficientes a GPS e vagas em estacionamento.
A carona é um compromisso com a comunidade, com a
cidade, com a saúde pública e com a vida.

O sistema já existe aqui. Lançado durante a primeira Mostra
de Tecnologias Sustentáveis, organizada pelo Instituto Ethos
no fim de maio, o projeto MelhorAr reforça as ações do
governo estadual e propõe redução de veículos por meio de
caronas corporativas. A idéia é atingir primeiro o público
interno das grandes empresas para depois abranger a
população como um todo.

É preciso desenvolver um senso de cidadania, no qual cada
um tenha consciência de seu papel no futuro do planeta. A
carona solidária pode, sim, ser uma realidade no Brasil.

LINCOLN PAIVA, 40, formado em comunicação social, sócio da
Believe Comunicação Viva, é idealizador do Projeto MelhorAr.


-------------------------------------------------------


No Brasil existe o Carona Brasil - Carpools e TáxiPools - Grupos restritos e privados para compartilhamento de veículos para empresas privadas, estatais, universidades e escolas.

Clique aqui e saiba mais.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

O que você tem a dizer sobre isso?